27 novembro, 2015

O orçamento de Costa e o seu grande inimigo


O cartaz parece tenebroso e é. Pensei que o era na hora que marca a esperança de se ir sair dos salários de miséria. As pensões traduzir-se-ão, para já, no arrecadar de mais uns magros tostões e estes serão (espera-se que sejam) dirigidos ao consumo de bens essenciais de que a gente mais sofrida vem carecendo. 

Contudo, o risco foi hoje posto à vista exactamente no dia em que a esperança foi dada a conhecer. Por mim, manter-me-ei (eu e a minha família) dentro dos meus padrões de consumo, adquirido o estritamente necessário e o máximo no quiosque aqui de frente. É que mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo...
"A mentalidade antiga formou-se numa grande superfície que se chamava catedral; agora forma-se noutra grande superfície que se chama centro comercial. O centro comercial não é apenas a nova igreja, a nova catedral, é também a nova universidade. O centro comercial ocupa um espaço importante na formação da mentalidade humana. Acabou-se a praça, o jardim ou a rua como espaço público e de intercâmbio. O centro comercial é o único espaço seguro e o que cria a nova mentalidade. Uma nova mentalidade temerosa de ser excluída, temerosa da expulsão do paraíso do consumo e por extensão da catedral das compras. E agora, que temos? A crise. Será que vamos voltar à praça ou à universidade? À filosofia?" 

9 comentários:

  1. Em mim reside a esperança.

    Beijinhos, Rogério. :)

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  2. Sábias as palavras de Saramago. A filosofia, sempre! É o porto seguro onde podemos sempre regressar. A filosofia é um lugar, longe da agitação do centro comercial, das inquietações e do frenesim das compras.

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  3. Não gosto de centros comerciais, embora por vezes os frequente. Por necessidade, quando preciso fazer alguma compra que sei só encontrar lá. Não para passear. Prefiro fazê-lo à beira-rio, e até sou privilegiada pois tenho um ao pé da porta, pelo parque da cidade, ou pelo parque Catarina Eufémia, que embora não muito grande é bem bonito.
    Um abraço e bom fim de semana

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  4. Sempre detestei centros comerciais!

    António Costa , muito sagazmente, pondera enviar o OE para Belém só após a saída do reformado de Boliqueime pela porta dos fundos da baixa Direita.

    Bom fim de semana

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  5. E o mundo...cada vez mais vazio...valores, onde se vendem?
    Um bj querido amigo

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  6. Excelente reflexão do nosso Nobel (como sempre!)

    Vamos ver o que «isto» vai dar....

    Beijinhos

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  7. Muito oportuno, mesmo!

    Estava um dia tão bonito aqui no norte. Fui ver o mar. Estavam lá muitas gaivotas...
    Ao passar junto dos centros comerciais nos cerca de cinquenta kms que separam a minha cidade do mar, havia intermináveis filas de trânsito. Não me lembrei de Saramago, mas senti um certo mal-estar. E o Natal ainda está longe.

    "Celofane", a palavra ocorreu-me. É o título de um poema do "Baile de Cítaras"

    Bj.

    Lídia

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  8. Meu amigoai
    Estamos na época de natal e vai haver prendas para todos.

    Não estou minimamente convencido que o consumo interno irá fazer disparar a economia.

    Penso que a política dos baixos salários não é solução,

    Claro que a reposição de certas medidas irá fazer disparar o consumo interno, mas não chega.

    Tenho uma grande apreensão em relação à União Europeia irá impor mais do mesmo e daqui a alguns meses tenhamos mais privatizações e controlo dos salários.

    A economia portuguesa é frágil e sujeita a condicionalismo supra-nacionais.

    Os nossos empresários não têm qualquer visão do futuro, apenas tentam arrecadar o máximo lucro em pouco tempo.

    Não acredito neste PS subitamente transformado num partido de esquerda quando sempre fez parte do "sistema".

    Veremos, vamos estar vigilentes...

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  9. Cada vez me afasto mais deles... aquele ambiente sempre a cheirar à cobiça da carteira...

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