02 dezembro, 2013

A caridade institucionalizada da Jonet... e a esperança de que fala Francisco


No ano passado este tema já era aqui comentado 
 
Cada vez mais os entrevistados à porta das "solidárias" (e interessadas) grandes superfícies referem que doam porque temem que um dia serão eles próprios a precisar. Rendem-se ao que julgam serem inevitabilidades: o empobrecimento; a institucionalização da caridade. A sociedade civil mobiliza-se minimizando a fome de poucos dias mas a instituição cresce, contando com a fome de todos os dias. O modelo "banco" potencia dádivas futuras. É uma espécie de "depósito a prazo", um seguro. É essa a mensagem subliminar que passa com a força necessária para que a procura cresça e a oferta se reforce.  À salvação da alma pela prática do amor ao próximo e à generosidade intrínseca da natureza humana, junta-se a convicção perigosa de que o Estado Social faliu. Com quase mais funcionários que a Segurança Social e sem encargos pesados, a instituição aprimora o funcionamento, reforça os meios de organização, agiliza a logística e dinamiza a marca. É um monstro que se insinua querido. Enquanto as IPSS procuram a sua sobrevivência e os seus trabalhadores desesperam, o "banco alimentar" ganha economias de escala e aumenta o trabalho voluntário. Este ano houve uma ligeira quebra...

Até Cristo teria hoje dificuldades em ser cristão e certamente não lhe dariam tempo de expulsar os vendilhões do templo, nem espaço para semear a esperança.
"Algumas pessoas se gabam, enchem a boca com os pobres; instrumentalizam os pobres por interesses pessoais ou do próprio grupo. Eu sei, é humano, mas não está bem!.... E digo mais: é pecado! É um pecado grave, porque é ‘usar’ os necessitados, os que necessitam, que são a carne de Jesus, para a ‘minha vaidade’. É um pecado grave! Seria melhor que estas pessoas ficassem em casa!"
(...) "a força da comunidade cristã é fazer crescer a sociedade desde o interior, como a levedura... Não se deixem roubar a esperança, ao contrário: semeiem-na". 
 - Papa Francisco, aqui

15 comentários:

  1. Muito bom Rogerio, e´a velha e importante diferença entre dar ou dar-se. E´nesta espiral de nos aproveitarmos uns dos outros e principalmente dos pobrezinhos, que surjem campanhas como as do Senhor Belmiro de Azevedo com as Popotas e outras do genero, a publicidade `as vezes ridicula atraves da enganosa solidariedade que os outros compram, porque se o Continente quisesse realmente dar, passaria um valioso cheque `as Instituçoes que entendesse, sem publicidades, com espirito mais generoso e ate o poderia deduzir em impostos, como toda a gente sabe.

    Ha´ os que dao apenas porque isso lhes da´ prazer, lhes alimenta o ego e os faz sentir bonzinhos e os que o fazem com sacrificio da propria vida, mas que muitos possam aproveitar enquanto nao se cumprem os designios de Francisco e nao se mudam politicas e nao se exige mais dos responsaveis.

    Beijos

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  2. Muito bom!
    A Jonet é uma espécie de César das Neves sem bigode e pêra. Já Francisco aparece de cara limpa...

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  3. É um indecoroso aproveitar-se das boas vontades e do bom coração do povo simples. Uma vergonha, quanto a mim!

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  4. Já acreditei. Já lá estive a dar cabo da coluna muitas horas. Não acredito mais!

    Beijinhos Marianos! :)

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  5. Vou levar-te este artigo... depois de te deixar o meu abraço, claro!

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  6. Caro Rogério
    Não fico indiferente, nem posso, ao seu texto.
    Revejo-me nele. Tanto que vou 'roubá-lo' para publicar no meu blogue. Devidamente referenciado, claro.

    Obrigado.

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  7. Tens todo o meu apoio quanto ao que escreveste.

    Com uma excepção, referente às IPSSs. Suspeito muito do estudo , porque trabalhei décadas com essas instituições e sei muito bem como funcionam e o poder que , na época, já tinham.

    Essa margem de manobra aumentou , assim com as verbas, de maneira estrondosa desde que este Governo assumiu posse.Aliás, servem às mil maravilhas para obtenção de votos e é esse o motivo de ser mota Soares (CDS) a ser o ministro de tutela.

    Os jogos políticos são mais que muitos e mesmo que , comprovadamente desperdicem o giram muito mal os milhões que lhes são dados por via dos nossos impostos , nunca sofrem punição séria.Ainda quando os próprios utentes e/ou familiares apresentam queixas fundamentadas ao mais alto nível.

    Que a situação de quem lá trabalha tenha piorado substancialmente não tenho grandes dúvidas , mas quanto ao resto...é conversa para boi dormir!

    Fica bem

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  8. Fujo das grandes superfícies por isso chegou-me ver todo o alarde na TV!
    A solidariedade não é bem isto...mas estão a tentar convencer o povo que se hoje der...amanhã terá, como se fosse um investimento! E os mass media multiplicam o efeito!
    É uma tristeza ver a que ponto estamos a chegar!

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  9. Concordo com o que escreveu e gostei de ler os comentários de quem entende destes assuntos melhor que eu, que sou coração derretido e também doava, mas presentemente me enoja cada dia mais a caridadezinha e ainda mais a classe política que se serve disto para lavar as mãos como Pilatos.

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  10. Raramente vou às grandes superfícies e, por isso, não contribuí da mesma maneira...

    Beijinho

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  11. É isso mesmo, amigo, «até Cristo teria dificuldade em ser cristão...».

    Beijo

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  12. Olá Rogério

    Vou levar. Subscrevo inteiramente
    Abraço

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  13. Muito bom Rogerio, e´a velha e importante diferença entre dar ou dar-se. E´nesta espiral de nos aproveitarmos uns dos outros e principalmente dos pobrezinhos, que surjem campanhas como as do Senhor Belmiro de Azevedo com as Popotas e outras do genero, a publicidade `as vezes ridicula atraves da enganosa solidariedade que os outros compram, porque se o Continente quisesse realmente dar, passaria um valioso cheque `as Instituçoes que entendesse, sem publicidades, com espirito mais generoso e ate o poderia deduzir em impostos, como toda a gente sabe.

    Ha´ os que dao apenas porque isso lhes da´ prazer, lhes alimenta o ego e os faz sentir bonzinhos e os que o fazem com sacrificio da propria vida, mas que muitos possam aproveitar enquanto nao se cumprem os designios de Francisco e nao se mudam politicas e nao se exige mais dos responsaveis.

    Beijos

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  14. É com grande lamento que leio estas suas linhas, e muitos dos comentários que a elas sucedem.
    Concordo, e reafirmo, quando diz o Santo Padre Francisco que "alguns enchem a boca com os pobres", mas acredito (aliás, tenho a certeza!) que não é a exemplos como o do Banco Alimentar que se refere, mas sim, e apenas a título de exemplo, a muitos dos políticos que nos representam, estejam eles em que bancada estiverem.
    Infelizmente, após algumas intervenções falhadas na comunicação social, a Sra. Isabel Jonet manchou a sua imagem, e com isso obteve um resultado ainda mais desastroso que foi arrastar consigo a imagem do Banco Alimentar que, goste-se ou não, desempenha um papel importantíssimo de Ação Social na procura de suprimir uma série de carências básicas que afetam uma larga franja da nossa sociedade.
    Pede muitas vezes o povo português que "não se mate o mensageiro pela mensagem que trás"... pois bem, sinto-me na obrigação de pedir que não se apague a mensagem pelo facto de o mensageiro não a saber transmitir.
    Quanto ás demais ilações que muita gente retira daqueles que, ainda que seja só um dia por ano, dispensam do seu tempo para participar nestas campanhas do Banco Alimentar posso apenas responder com um desafio... façam o mesmo, ainda que seja só um dia por dia (repito).

    P.S. - apenas uma declaração de interesse, não pertenço ao Banco Alimentar, e (pasme-se!!) nunca participei como voluntário em nenhuma campanha deste, mas já desenvolvi diversas atividades de cariz social, tendo também por diversas vezes sido alvo do mesmo tipo de insinuações que têm como base, regra geral, um profundo desconhecimento do funcionamento das Instituições, e uma caracterização do todo por algumas partes.

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